Surpresa: O fim do QuickBooks Online na Índia
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- Escrito por Friedrich W. Dargel
- Categoria: FYI
- Criado: 13 Julho 2022
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Dez anos depois do lançamento do QuickBooks Online da Intuit na Índia, milhares de usuários, entre eles muitos escritórios de contabilidade, receberam uma notícia inesperada.
Vão ter que largar o aplicativo e procurar um outro fornecedor. Teor da mensagem enviada através de e-mail no dia 30/06/2022:
“Estamos entrando em contato para informar que, a partir de 31 de janeiro de 2023*, os produtos QuickBooks Online da Intuit não estarão mais disponíveis na Índia. Assim, não estamos mais aceitando novas assinaturas na Índia no momento. Isso se aplica a todas as assinaturas do QuickBooks Online, do QuickBooks Online Accountant, do aplicativo móvel QuickBooks e do QuickBooks Time.
Esta decisão não foi tomada de ânimo leve e reconhecemos o impacto que tem nos nossos clientes. Não podemos mais fornecer e oferecer suporte a produtos QuickBooks que atendem às necessidades de pequenas empresas e profissionais de contabilidade em toda a Índia", disse ainda.
Como parte da transição, todas as assinaturas pagas existentes serão transferidas para gratuitas antes de 31 de julho de 2022, para permitir que as empresas continuem usando o QuickBooks até 31 de janeiro de 2023* sem cobranças. Os clientes que pagaram uma assinatura anual receberão um reembolso pela parte não utilizada de sua assinatura”.
*Data posteriormente alterado para 30/04/2023.
A decisão da Intuit de abandonar um mercado gigantesco com 63 milhões de microempresas e uma elevada taxa de crescimento, evidentemente levanta algumas questões, inclusive em relação a um possível desfecho semelhante aqui no Brasil.
Embora a multinacional norte-americana não tenha esclarecido seus motivos, observadores especializados do mercado indiano de TI não têm dúvidas:
Resultados insuficientes
Dificuldade de adaptação ao mercado local
“... parece como contas americanas passadas por um corretor ortográfico”.
“E o layout geral, classificação de gastos e assim por diante, é simplesmente estranho”.
“A Intuit simplesmente não consegue dar conta à Índia”.
Até ao apagar as luzes a Intuit ainda comete um último deslize: Como na Índia o ano fiscal termina no dia 31 de março, depois fortes pressões nas redes sociais, o prazo de encerramento no próximo ano teve que ser prorrogado do final de janeiro para o final de abril.
A retirada da Intuit da Índia, além de frustrar muitos usuários, pode ter implicações maiores no futuro.
“É improvável que a Intuit seja bem-vinda de volta ao mercado, pois isso [a retirada] deixará muitos clientes desconfiados no futuro. A questão é se a Intuit considerará decisões semelhantes tão rapidamente em outros países. Pode interessar a alguns”.
De fato, considerando que a Intuit tupiniquim, mesmo depois de 7 anos não conseguiu se adaptar à cultura contábil local, pode levar a matriz americana a incluir o Brasil também na lista negra dos países emergentes, porém complicados demais. Alguns problemas aqui até são mais graves:
Na área da tributação a subsidiária brasileira simplesmente jogou a toalha, embora o Simples Nacional seja um imposto muito menos complexo do que o GST (Imposto sobre Bens e Serviços) indiano. Curiosamente a tradicional versão desktop (Windows) do QuickBooks, embora desenvolvida para o mercado norte-americano, consegue apurar qualquer imposto brasileiro automaticamente, inclusive no Lucro Presumido e Lucro Real. Retenções: idem. Já no Online brasileiro, depois de algumas tentativas fracassadas, a regra agora é: Faça você mesmo - através de lançamento contábil.
E enquanto o usuário indiano tinha o conforto de uma folha de pagamento integrada ao QuickBooks, no Brasil é disponibilizada apenas uma planilha eletrônica cuja real utilidade nem “os especialistas” do suporte sabem explicar.
No campo da tradução o desafio evidentemente é maior do que na Índia, onde houve somente uma mudança de “versão” do inglês. Entretanto, neste requisito houve apenas uma evolução de um português hilariante para um português estranho e contabilmente incorreto. Gastos e despesas, por exemplo, continuam sendo amplamente confundidos.
E a concorrência local?
Ela também não falta!