A começar pelo tratamento dispensado aos usuários das versões desktop do QuickBooks. Caso não saiba, a Intuit abriga sob o mesmo teto duas linhas de software contábil que competem entre si. Existe, desde 1992, a tradicional linha desktop baseado no sistema operacional DOS/Windows (e, em menor escala, no MacOs). Já a linha Online começou a ser comercializada a partir de 2003.

Apesar da melhoria contínua das versões online, elas ainda não oferecem recursos essenciais que as versões desktop já possuem há décadas. Não têm pedido de venda (sales order), não têm a mesma variedade de tipos de item e não são indicadas para transações de estoque mais complexas.

Mesmo assim, para “convencer” os relutantes usuários do QuickBooks Pro e Premier a migrar para uma das versões online, a Intuit, a partir de 2022, recorreu a medidas nada sutis. Primeiro estendeu a modalidade de comercialização “subscrição anual” também às versões desktop. Até então eram vendidas à moda antiga, ou seja, o cliente pagava uma única vez e usava o programa durante alguns anos sem a obrigação (e necessidade) de atualizar.

Depois a Intuit aplicou um adicional fixo de nada menos do que 249,00 dólares à tabela de preços, o que prejudicou especialmente os usuários de uma única licença, tipicamente donos de pequenos negócios que operam pessoalmente o programa. Inclusive aqui no Brasil.

Como isso não se bastasse, desde agosto de 2024 as versões Pro e Premier não são mais comercializadas. No ambiente Windows, restam apenas as versões do Enterprise, cujas subscrições são significativamente mais caras

Mundo paradoxal: Embora desenvolvido para o mercado norte-americano, mesmo a versão mais barata do QuickBooks desktop, o QuickBooks Pro, funcionava muito bem no Brasil. E ainda funciona bem para quem tem uma das versões antigas sem subscrição anual.

O mesmo não podia ser dito sobre o QuickBooks Online “Made in Brazil”. Em 2023, após investir milhões de dólares em um sofisticado escritório na Avenida Faria Lima, em São Paulo, a Intuit jogou a toalha, alegando dificuldades para se adaptar ao mercado brasileiro e encerrou a comercialização do produto. Deixando, após sete anos, um número desconhecido de usuários, inclusive contadores, na mão.

Resumo da ópera:

Para uso no Brasil com direito a apuração de impostos, importação dos dados da folha de pagamento e gerenciamento de estoque(s), o QuickBooks Enterprise agora é a única opção disponibilizada pela Intuit..

Se for para usar o QuickBooks numa subsidiária nos Estados Unidos, o Online Advanced, dependendo da atividade da empresa, pode ser uma alternativa.